28/04/2011

O Gosto do Jambo Amarelo

Quando eu era garota morava numa casa que tinha um quintal pequeno, claro que pra mim ele era enooooorme devido à minha miudez, mas era bem pequeno. E havia um pé de jambo amarelo na casa do vizinho que pendia algumas galhas pelo muro relativamente alto. Eu era louca por aquela fruta! Sempre tinha algum adulto prestativo pra roubar umas frutinhas dos cachos. Roubar é uma palavra forte, na verdade a gente só não deixava desperdiçar, já que o vizinho não alcançaria mesmo aqueles frutos.
Era um verdadeiro deleite quando conseguia ter nas mãos o tal do jambo amarelo! Pra quem não sabe, é uma fruta sequinha, sem sumo, sem polpa, com a casca bem grossa e macia, oca e com uma semente marrom grande pro tamanho da fruta. É como se fosse uma goiaba sem poupa, com um ou dois caroços...ah! Com cheiro e gosto de flor!!! Compliquei? Pesquisa aí que tá difícil explicar!


Mas voltando ao assunto, eu adorava comer aquele troço! Me mudei dessa casa ainda muito menina, mas jamais esqueci daquele pé de jambo. Por ser um fruto raro, passei muitos anos  só na lembrança do sabor.
Tive a chance de comê-lo novamente, já adulta, e percebi que a gente guarda muito mais coisas na mente. Não era só o sabor e o cheiro, a textura e a tal semente guardada no oco. Era a infância inteira! Lembrei de ver a fruta no pé, de como ficávamos (eu e meus irmãos) empolgados com a aventura de alcançar o cacho, do cuidado que o tal adulto tinha que ter pra não deixar cair do outro lado quando fosse apanhar um fruto mais no alto. Não...não era roubo! Pegar fruta na árvore do vizinho (que era amigo da família) jamais seria roubo! Naquele tempo isso era permitido. Tinha sua graça! "As crianças do vizinho estão tentando pegar jambo de novo...hihihi" dizia a esposa ao marido. Rolava uma cumplicidade silenciosa entre todos os envolvidos. Nós falávamos baixinho, dávamos dicas pro "ladrão"..."mais pra cima, mais pro lado!"
Na hora da partilha era tudo dividido igualmente, irmãmente. Chegávamos a cortar em vários pedaços pra que ninguém ganhasse mais ou menos que os outros.

Talvez nem fosse pelo fruto. Talvez fosse só pelo prazer do trabalho em equipe, ou por poder dividir alguma coisa entre nós irmãos. Pode ser que fosse só pra preencher o momento vazio daquele adulto que só tava ali olhando as crianças brincarem...vigiando pra que não fizessem nenhuma besteira ou se machucassem.
Era uma farra! Uma demonstração de força e companheirismo. Um por todos e todos pelos jambos amarelos!!!!! 

Não sei que tipo de aventura as crianças de hoje vivem...mas duvido que tenha gosto de jambo! Será que dividem seus pacotes de salgadinhos irmãmente?


*Fiquei sabendo que minha avó plantou um pé de jambo amarelo uns meses antes de falecer...isso já faz alguns anos. Valeu, vó! Isso foi realmente uma surpresa!!! Nos devolveu o sabor da infância...ou pelo menos tentou.



.qualquer imagem que eu colocasse aqui ia estragar a lembrança que tenho...então vai ficar sem mesmo, ok?

27/03/2011

Hora do Planeta, hora de cada um...

Participei da Hora do Planeta (pra quem não sabe o que é isso, clique no link e descubra) e me achei o passarinho daquela fábula da mata pegando fogo. Não conhece a fábula? Trata-se de um incêndio na mata que deixa os animais desesperados! Todos correm pra fujir das chamas! Num certo momento o leão vê um passarinho voltando, voando rápido, desviando dos outros animais...o leão para e fica observando o bichinho. Ele, como rei da floresta, deve ajudar o amigo, mas teme por sua própria vida. Vê que o animalzinho está carregando água no bico. Enche o bico no riacho, voa rumo às chamas e cospe a água nelas. Nisso, o leão, deseperado de preocupação, aborda o bichinho com aflição: "Não está vendo que isso não vai adiantar? Você precisa sair daqui! Salve-se, amiguinho!" E o passarinho diz: "Se todos ajudassem, poderíamos apagar o fogo!"

É meio piegas, eu sei...mas é a pura verdade! Quando acontece alguma catástrofe natural e o mundo se une pra ajudar os sobreviventes, volto a acreditar na humanidade. Toda vez é assim! Aqui no Brasil, quando a mídia anuncia uma catástrofe, dependendo do lugar, nem precisa ficar pedindo donativos. A própria população brasileira se mobiliza pra isso! Há poucos meses isso aconteceu, quando as enchentes fizeram milhares de vítimas no estado do Rio de Janeiro. Aqui em Brasília foram criados vários postos de arrecadação. Chegou ao ponto de anunciarem na imprensa que não precisavam mais de doações, que nem havia lugar pra armazenar tanta coisa! Por aí a gente vê que quando o povo quer, o povo faz.

E aí eu me pergunto por que em se tratando de um protesto isso não funciona? Fiquei observando da janela...não vi uma só lâmpada se apagar na hora combinada! Afora as de minha casa, claro. Não sou daquelas que vivem levantando bandeiras por aí, mas no caso de um protesto simples como esse, não vi porque não cooperar! Ninguém pediu pra se sair de casa e ir até certo ponto da cidade com a cara pintada ou coisa parecida. Era um protesto feito em casa, simples e barato!

Será que não foi tão bem divulgado? Um ato simbólico. Apenas simbólico. Mas que faz toda diferença! A intenção era de demonstrar nossa preocupação com o aquecimento global.
Quando a humanidade resolver fazer desse mundo um lugar onde a gente viva em paz com a natureza, onde não seja necessária a energia nuclear, onde não precisemos mais sacrificar a natureza pra nos encher de luxo (que a gente desperdiça!!!) a gente vai conseguir! Basta cada um chamar pra si a responsabilidade de ser mundial. Basta se perceber como parte do mundo!!! Porque de fato você é!


Vendo o vídeo de divulgação dá muita esperança no ser humano! Sei que muita gente participou, mas essas pessoas estavam fora do meu campo de visão...me perdoem, boto muita fé em vocês!


Nossos "rebeldes" que lutaram contra a ditadura sacrificaram a própria juventude, muitos a própria vida, devem achar até graça na falta de envolvimento das gerações seguintes...somos a geração dos rebeldes sem causa? Não acredito nisso. Temos causas, o que falta é acharmos que elas são nossas! Falta o sentimento se responsabilidade por alguma coisa que não seja apenas o próprio umbigo! Alguma coisa coletiva, social! Alguma coisa que não diga respeito só a você e sua turminha de meia dúzia!
"Que se dane, eu não faço diferença no mundo mesmo!", "Ah, gente! Eu tenho mais o que fazer do que apagar a luz da minha casa pra esses ecochatos fazerem barulho!", "Nem a pau que perco minha novela!", "Vai ser justo na hora que seco meu cabelo!", "Nem dá, vou ter que me arrumar pra encontrar o fulaninho..."


Bom, cada um sabe o quão importante é pro mundo! E se você acha que vale nada, talvez valha mesmo...NADA!




11/03/2011

Dúvidas

Dúvida. Essa coisa que congela o ímpeto...
Deixa você com ar de "o que vem depois?". Com cara de palhaço esperando a deixa do apresentador no picadeiro pra poder adentrar com seu número de comédia.
Dúvida. Essa coisa que não é sim, mas também não é não. Que não te prende, mas também não te libera.
Dúvida. Esse negócio que permite você fantasiar o que quiser! E nem tem como cobrar o que quer que seja, já que não é nem deixa de ser...
Dúvida se você passou naquele teste ou não, se foi legal ou não, se deu certo ou não, se foi coerente ou não...
Se veio pra ficar ou se tá só de passagem, se quer te ver de novo ou se já foi o bastante, se errou feio ou ainda tem conserto. Se fez papel de idiota ou se passou longe disso!
Dúvida. Esse negócio que te paralisa e não deixa sua vontade ser natural.
Se conseguiu a vaga ou é da gostosa que entrou antes de você. Se vale a pena esperar mais cinco minutos, cinco dias, cinco semanas...
Na dúvida, não ultrapasse. O próprio Departamento de Trânsito nos alerta..."fica na tua até ter certeza"!
Dúvida é uma coisa angustiante demais! Esperar pra ver...esperar pra saber, esperar pra agir, esperar, esperar, esperar...
A dúvida atrasa decisões importantes da vida. Adia ações importantes. Protela dores que não deveriam sequer existir!
Tomei uma decisão importante. Não quero mais esperar coisa alguma! As coisas que dependem de mim serão resolvidas, as que não dependem também serão!!!!
As ocasiões que eu puder mandar às favas, serão mandadas!
As esperas que me incomodarem, simplesmente abandonarei. Não mais esperarei!
Se for impossível não duvidar, tudo bem, vou me retirar até tudo se resolver! Me recuso a ficar na ante-sala folheando revistas ou olhando o relógio a cada cinco minutos.
A dúvida tem gosto de mofo. De coisa guardada. De reflexo no vidro, que você nunca sabe direito o que tá vendo...uma verdade ao contrário...qualquer coisa parecida que não seja.
A dúvida é um oráculo faltando uma peça. De nada serve, não pode te ajudar...
A dúvida é um taxímetro rodando enquanto o carro tá parado no acostamento. Uma baita bola de chumbo amarrada no tornozelo!
Pode fazer você tomar a decisão certa, mas quem vai saber? Talvez a decisão certa seja sempre a primeira. Talvez não exista decisão certa. Pode ser que o errado te liberte! Te deixe mais espontâneo!

Não quero deixar espaço pra dúvidas...não quero...não. Não mesmo...ai...agora bateu uma insegurança...será que acredito nisso tudo mesmo? hummmm....



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28/02/2011

Bunda, peito e carão...

Nunca fui fã de carnaval. Nem quando era criança! Na verdade tenho problemas com multidões barulhentas. Acho irritante, abafado, sei lá! Não gosto.


Carnaval é uma época que fico querendo me esconder. De preferência num lugar que não tenha TV! Se bem que hoje em dia tem tanta opção na TV a cabo que tanto faz.
Mas é incrível como não se fala em outra coisa! Hoje mesmo uma amiga comentava como ela se sente no carnaval: "É uma espécie de limbo." E pra mim é exatamente isso! É ficar alguns dias sem ter assunto, sem se enturmar...me sinto mesmo um peixe fora dágua!
Sei não, mas acho que essa festa tinha outro propósito. Onde foi que tudo se perdeu?
A festança servia pra você se acabar geral mesmo! Mas depois, se seguiriam 40 dias de restrições de todos os tipos: jejuns, penitências, orações...Um período onde os fiéis são mais solidários e buscam viver o mais próximo dos ensinamentos de Deus (não que eu aprecie essas imposições religiosas, mas era essa a função!). A famosa quaresma!

E eu pergunto: Quem vive de penitência, oração e jejum depois do carnaval? Não conheço uma só pessoa que seja católica a esse ponto. E já que tudo se perdeu, o povo chuta o pau da barraca e aproveita a farra até a páscoa. Os "carnavais fora de época" movimentam muito dinheiro, e os "foliões de qualquer época" querem mais é se acabar!!! Em todos os sentidos possíveis e imagináveis.


Não sei se fico feliz porque as festas religiosas estão perdendo o sentido, ou se fico triste porque as pessoas estão cada dia mais superficiais.


Voltando ao samba, o problema não é ele. Adoro o ritmo! Não sou uma profunda conhecedora, mas gosto muito de ouvir! E aprendi a sambar na adolescência, então o problema também não é esse. Não que eu sambe taaaanto assiiiimmmm, mas...enfim... O som que rola no carnaval não é como aqueles sambas de antigamente, é uma coisa meio pagode, meio axé...letrinhas chulas e apelativas demais...arg!


Gostei do comentário que o PC Siqueira fez num dos seus vídeos, onde ele diz que o brasileiro gosta de festa e de bunda, então inventaram uma festa em homenagem à bunda! Talvez seja essa minha rusga. Muita bunda, muito peito de fora, muita "celebridade" fazendo carão, muita babação em cima de corpos perfeitos e mulheres frutas fazendo concurso pra ver quem se contorce mais! Deprimente.
Concordo que uma escola de samba é feita de um monte de artistas, que são movidos por um entusiasmo enorme pelo "fazer artístico" e tal...é o ano todo batalhando e trabalhando por pura paixão pela "arte" de dar forma, cor e movimento a uma idéia. Isso é ralação de verdade e respeito esses profissionais. Mas o que acaba acontecendo é uma ênfase no que pouco importa! Não por culpa deles, claro, mas por responsabilidade (ou a falta dela) da mídia brasileira e estrangeira! Apelação corpóreo-sexual fortíssima! Não consigo achar nada de belo nisso! Desculpa.


Os carnavais onde as pessoas se fantasiavam, colocavam máscaras, pulavam na rua, sem pornografia, sem baixaria, esses deviam ser interessantes! Ainda existem algumas cidades pequenas que preservam essa tradição, mas a mídia dá tanto espaço pro carnaval das grandes escolas de samba, e pros enormes aglomerados de pegação que se formam nos grandes centros, que o resto do país fica escondido.


E cá pra nós...o Brasil é muito maior que bundas, peitos e carões, né não?



Escolhi uma marchinha antiga pra comemorar o carnaval aqui no blog...rs...
Dá-lhe Dalva! Adoro essa!

 

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14/02/2011

Livros são melhores...

Gosto de ler. Foi um hábito que peguei na faculdade, apesar de meus pais terem feito de tudo pra que isso rolasse ainda na infância e adolescência. Minha mãe chegava a me oferecer dinheiro por cada livro lido durante as férias da escola...(que vergonha que tenho disso! Não por ela, que, como mãe, nunca desistiu de mim! Valeu, mãe! Mas por mim mesma, sempre na mediocridade...). Enfim, esse hábito já está instalado faz tempo! E não tenho preferência por autores, estilos, ou modismos. Leio o que aparece! Comprar livros é um hábito recente. Lia os da biblioteca da casa dos meus pais, que sempre foi cheia de coisa boa! E gosto de pegar emprestado também.
Penso que depois de ler um livro a gente tem uma certa obrigação de passar adiante. Livros guardados em estantes me dão a impressão de estarem no lugar errado, sei lá! Fora que vai juntando poeira e estagnado a energia! Dificilmente leio um livro duas vezes. Talvez seja por isso que meus livros somem...rs...no fundo, no fundo eu desejo que sumam depois que sei a história! E tomem o rumo de outra mesinha de cabeceira!
Esse negócio de e-books não me atrai. Gosto de tê-los nas mãos...e não pode ter cheiro de livro velho, sou alérgica. Mas poder levar pra onde quiser, colocar o marcador de página onde parei, guardar na mesinha do lado da cama...acho tão poético! Outro dia falo do lado ecológico disso tudo, agora vamos voltar ao assunto, por favor?


Escritores são pessoas que admiro! Nem precisa ser o fodão! Basta ter tido paciência, empenho e coragem pra publicar que já merece aplausos! Lógico que um livro bem escrito é mais interessante, e são esses que recomendo quando alguém me pede indicação.
Tem gente que nasceu pra escrever. Chico Buarque é assim. Budapeste e Leite Derramado são fantásticos! Li um quando era criança e só descobri que era dele depois de "velha", Chapeuzinho Amarelo...lindinho demais! Fala sobre uma menina que aprende a enfrentar seus medos. Se você tem uma criança em casa, leia pra ela! Ou a faça ler! Ele realmente arrebenta. E agora tô me deliciando com Zeca Baleiro, no seu Bala na Agulha. Que cara incrível! Que jeito mais legal de escrever! Mais parece um bate papo! Ambos eu já admirava como compositores e cantores, donos de estilos bem próprios e cada um no seu quadrado. O que no caso deles melhor seria dizer cada um no seu redondo, sendo essa forma geométrica mais condizende com seus respectivos talentos. Me apaixonei por Zeca Baleiro, perdidamente, quando o ouvi cantando com Gal, "Vapor Barato". Nunca mais desapaixonei! Depois o cidadão me aparece com Fagner. Aí foi a glória! Queria mesmo era ouvi-lo cantando Borbulhas de Amor...um clássico! hehehe...Grande Ferreira Gullar, outro admirável!
Ler é tão prazeiroso pra mim que se fico sem um livro tenho crises de abstinência.
A leitura não é só uma fonte de inspiração, é uma maneira de estar conectada a alguém que não conheço. Uma forma de sair do corpo, viajar sem sair do lugar. Conhecer pessoas imaginadas por outras pessoas. É poder invadir a mente de alguém que, como eu, gosta de fantasiar coisas. Como se, de tanto que já viajei com meus pensamentos, tivesse a necessidade de pegar carona com outra pessoa!
Machado de Assis foi meu primeiro contado forte com a literatura, graças ao professor Fabiano, que era um gato, e falou que Dom Casmurro parecia com sua própria história de vida. Tive que ler! Queria saber que história era aquela! Depois fiquei morrendo de pena do pobrezinho...que triste...
Machado de Assis, José de Alencar, Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Érico Veríssimo, Luiz Fernando Veríssimo,  Carlos Drummond (esse eu li tarde à bessa!), Rubem Fonseca, Jorge Amado, Manuel Bandeira...de todos eu li algum! De alguns eu li muitos! E passei a gostar, e muito, desse hábito. Queria ler mais, ou ter lido mais antes...é tanta novidade nesse mercado que não dá pra ler tudo!
 
Dos estrangeiros que estão em alta eu apreciei algumas coisas. O rapaz que escreveu A Menina que Roubava Livros, Markus Zusac, é um gênio pra mim! Que livro espetacular! O que escreveu O Caçador de Pipas, Khaled Hossein, é outro fera! O Homem que Não Amava as Mulheres é um suspense maravilhoso de um jornalista sueco chamado Stieg Larsson! Sensacional! Tem muita coisa boa...Comer Rezar Amar, da Elizabeth Gilbert é ótimo, já o Beber Jogar e F@#der não foi tão empolgante. Esse último é do Andrew Gottlieb, oportunismo não muito bem aproveitado.  Melancia, da Marian Keys é levizinho e bem humorado...Quando Nietzsche Chorou, é um dos melhores que li nos últimos tempos, do Yrvin D. Yalom. A Profecia Celestina do James Redfield eu li há uns dez anos, e nunca me esqueci dele! Exatamente o que aconteceu com A Erva do Diabo do Carlos Casteneda, igualmente inesquecível!  Conversando com Deus, do Neale Donald Walsh é um livro curioso, a melhor forma de Deus que já me apresentaram! Achei, digamos...Libertador! Não li aqueles de amor de vampiros, apesar de falarem muito bem deles! A Cabana, de William P. Young, é menos do que eu esperava, mas também vale a leitura. Faz pensar numas coisas e tal...

Paulo Coelho é um cara que, ou você ama, ou odeia...no meu caso, li quase todos os que ele escreveu. Se é literatura, se é autoajuda (maldita nova ortografia!), realmente não me preocupo com isso. Gosto das suas histórias...aliás, O Aleph tá massa, viu? Leonardo Boff arrasa no seu A Águia e a Galinha, um livro que até poderia ser considerado autoajuda. O Vendedor de Sonhos, de Augusto Cury, é uma excelente idéia que não foi tão profundamente aproveitada...mas gostei, no geral.

Tem muita coisa boa no Brasil e fora dele. Muita gente que vive de contar histórias e fazem isso muito bem! Gente empenhada em mudar o mundo, mudar a percepção que temos do mundo. Admiro esses caras! Pessoas que conseguem, com o poder da palavra, transformar o mundo! Sem porrada. Sem violência. Sem baixaria. Só com a palavra.

Fico muito feliz quando termino um livro. E mais feliz ainda porque sei que tem outro na fila...esperando pra me levar pra outros lugares...
Bem melhor que ficar vendo esses reality shows na TV! Ia fazer um post só pra eles...mas não vale a pena. Prefiro mudar de assunto! Que livro você vai ler hoje? rs...

Menino Lendo- nanquim sobre papel- 2004


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03/02/2011

Flores, cactos ou verdades?

Já me ofereceram flores...uma vez...não me lembro de ganhar bouquet. Minto, uma vez ganhei um de rosas brancas. Não gosto de bouquet, as flores morrem em poucos dias. Acho que uma plantinha é mais legal...a gente tem que cuidar e tal. Ganhei um vaso lindo com cactos uma outra vez. Simbólico. Não precisa cuidar... Mais simbólico ainda é que eram plantados num aquário, uma redoma de vidro. O bouquet também foi simbólico. A cor significou mais que a atitude em si! Por ironia da vida deixei os cactos morrerem...junto com tudo que veio com eles! Na verdade foi um alívio porque não tinha nem onde colocar aquele troço desajeitado! Mais simbolismo...
Ouvi dizer também que flores deixam as mulheres "se achando demais!", o cara que disse isso, suponho eu, tinha um pequeno problema com sua sexualidade. Um outro comentário infeliz que fizeram uma vez foi "se começar dando flores vai ter que comprar um carro em poucos anos!"...putz...se mata!
Hoje não quero flores, não quero cactos, não quero bouquet...é mais interessante plantinhas pra por no jardim. Se me trazem alguma coisa que posso plantar eu prefiro. Simbólico. Como tudo que envolve o romantismo!
Quando me oferecem chocolate eu fico bobona! Isso quer dizer que posso comer porque não estou gorda ou porque isso pouco importa. Porque sou feliz, porque me desejam alegria e boa vida! Porque sabem que AMO! Ou porque querem amenizar minha TPM. Isso é cuidado...uma graça!

Livros são ótimos! Principalmente se for algum que o cara já leu! Aí sim, motivo pra horas de conversa agradável! Os homens são criativos pra tanta coisa, o que fode são os conselhos dos amigos toscos que eles têm! Feliz é o cara que não tem amigos! rs...brincadeira...feliz é o cara que não ouve os amigos toscos!
Se me falam a verdade é melhor que qualquer coisa material que possa servir de símbolo. É alguém dizendo que confia na minha capacidade de enfrentar o que quer que seja. É falar pra mim com todas as letras "não se iluda, o fato é esse aqui!". Já falei sobre isso uma vez...
Flores, chocolate, um bom livro com título sugestivo pode até ser carinhoso, fofo, meiguinho...mas não me ganha. Conheço tanta gente que tenta resolver pendências dando presente! E odeio pendências. Se quer me dar um presente quando tiver pendências comigo, me dê uns minutos de acerto de contas. Me dê sua sinceridade. Me dê um tapa de luva. Me arranque um sorriso e depois de tudo me aperte num abraço. Isso me deixa mais satisfeita que qualquer presente! Tem gente que acha isso um problema...eu acho que é solução...

Não...esse texto não foi pra você que me disse a verdade. Foi pra você que tentou me ganhar com um presente.


Enquanto escrevia, não me saía da cabeça uma música do Lenine chamada Do it. Bem do tipo "faça o que tem que ser feito!" Quer ouvir, escute!


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26/01/2011

Tudo que me arrepia...


Tudo que me arrepia é verdadeiro.
Tudo que me arrepia muda alguma coisa por dentro.
Tudo que me arrepia tira meu ar por algum tempo...e leva minha alma pra passear um instante...
Tudo que  arrepia me deixa diferente, melhor, talvez...
O que  me arrepia também transforma, por um segundo, minha percepção do corpo e do mundo.
Tudo que me arrepia começa pela nuca e vai se espalhando feito onda...em todas as direções...
O que me arrepia é sempre forte. Extremado. Intenso. Muito quente, ou muito frio.
Tudo que me arrepia tira minha atenção de fora e joga ela com força pra dentro!
Tudo que me arrepia fala baixo no ouvido...”Você tá viva. Tá vendo?”
E me faz ter vontade de passar a mão nos braços... me dar um abraço. 
Ou ganhar um abraço...
Tudo que me arrepia reitera a crença que eu tenho em energia.
É Deus soprando a pele...devagarinho...dando beijinho...
Quando me arrepio sinto a teia da vida encostando em cada pelinho...
Arrepio por coisas que não conheço, que conheço e que sinto.
Arrepio por amor, por vontade, por verdade, por medo, por coragem...
Arrepio assim...estremecendo o corpo ou ficando com ele quietinho...
Arrepio de frio. De calafrio. Arrepio dele. Arrepio de mim. 
Arrepio, enfim...


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23/01/2011

Inspiração é vital!

Inspirar é colocar o ar pra dentro dos pulmões. Interessante usarmos a mesma palavra pra designar a fonte da criatividade, da ideia sobre determinado tema.
Expirar é acabar o prazo, além de tirar o ar dos pulmões...Deveria ser também a execução da inspiração, né?

Inspiração não é só coisa de artista. A gente precisa dela pra um montão de situações no cotidiano! Até a forma que você organiza tua vida precisa de inspiração! E muitas vezes você não consegue dizer de onde ela veio. Não que ela não exista, apenas fica difícil identificar a fonte.


Uma vez uma amiga me disse que meu traço é muito orgânico...concordo plenamente com ela! E sou visceral demais pra ter traços retos! Me lembro que na faculdade um professor disse que minha praia era xilogravura. "Seu traço é grosso demais! Tem tudo a ver! A madeira é tua praia!", opinião compartilhada pela professora de xilo, o que pra mim era motivo de orgulho!


Hoje eu posso dizer que minha inspiração vem da natureza visceral com que encaro o mundo. As relações são sistêmicas, pra uma coisa acontecer depende de outra que depende de uma outra e que depende de outra...infinitamente...eternamente...como numa teia. Tudo se relaciona e volta pro mesmo ponto, que já não é mais o mesmo porque tudo muda o tempo todo (como já dizia Lulu).
Uma das cenas que nunca me saiu da cabeça é de um filme do Charles Chaplin, Tempos Modernos, onde ele trabalha apertando parafusos numa esteira mecânica de produção em série e acaba enlouquecendo com aquele tipo de atividade. A cena é a que ele cai nas engrenagens das máquinas da fábrica e fica ali...rodando e sendo parte daquele sistema mecânico. Um organismo vivo no meio daquela parafernália toda...tenho certeza que essa cena faz parte do meu trabalho. Impressionante! Só me dei conta disso depois que meu estilo já estava encaminhado. Não fiquei racionalizando enquanto fazia os primeiros esboços, as primeiras telas...Vou ainda mais longe, os desenhos animados que me chamavam atenção quando criança eram justamente imagens orgânicas! Formas quase abstratas! O Barba Papa, por exemplo. Adorava aqueles seres que mais pareciam gosmas ectoplasmáticas!
Minha arte tem muito disso! Cores e formas bem definidas, mas que se misturam como engrenagens de um sistema orgânico. Outro exemplo? Aqueles seres de massinha colorida (O Cool Johnny, do Coração de Poeta, me passou o link. Valeu, amigo!) que se transformavam em qualquer coisa! Era um tipo de animação quadro a quadro divertidíssima de assistir! (E sempre gostei de brincar de massinha...até hoje eu faço isso! Descansa a mente e organiza os pensamentos...)

Com certeza cada um tem sua fonte inspiradora, e muita gente não consegue identificar qual é. Mas ela existe! Tenha certeza disso! Tá lá...no meio do calabouço do seu inconsciente...só soltando seus raios iluminados, colocando pra fora um pouco da tua luz e da tua sombra.
E não pense que tudo são flores! Observar de onde vem tua arte pode te fazer enxergar coisas que você não quer ver de jeito algum!

Tempos Modernos, versão com som de video game...gostei!
Fala sério...o cara era realmente engraçado!